quinta-feira, 18 de outubro de 2012

REGIÃO SUL COMEÇA A REATIVAR ENERGIA LIMPA

O Sul do país, incluindo o Mato Grosso do Sul, deu os primeiros passos para reformar os sistemas de energia limpa destinados a levar eletricidade a comunidades pobres e isoladas. A Eletrosul, empresa do governo federal que gerencia o sistema elétrico na região, fez um balanço sobre as condições dos 320 equipamentos com placas solares, que tinham objetivo de beneficiar cerca de 3.200 famílias, e concluiu que aproximadamente 80% deles estão danificados. 

O levantamento, ainda parcial, se refere aos quatro Estados da área da Eletrosul: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul. O balanço indica que serão necessários R$ 600 mil apenas em peças — como baterias, controladores de carga e inversores. Em alguns casos, será preciso trocar as próprias placas solares, já que elas foram depredadas ou furtadas. 

A maioria dos sistemas foi implantada entre 1995 e 1998, como parte do PRODEEM (Programa de Desenvolvimento Energético de Estados e Municípios), um projeto apoiado pelo PNUD. Lançado ainda durante o governo Fernando Henrique Cardoso, ele tem como objetivo levar energia limpa (solar, eólica, de biomassa) a locais não atendidos por rede elétrica convencional. No Brasil, foram instalados cerca de 8 mil equipamentos, a maioria alimentada por energia solar. Os dispositivos foram colocados sobretudo em escolas, prédios públicos, postos de saúde e centros comunitários. Boa parte deles, porém, parou de funcionar por falta de manutenção. Auditorias do Ministério de Minas e Energia e do TCU (Tribunal de Contas da União) recomendaram a reestruturação do programa. 


“Os sistemas foram instalados, mas as prefeituras não deram continuidade, até por problemas financeiros”, afirma o coordenador do PRODEEM na região Sul, Jorge Silva. “Não adianta instalar um equipamento de alta tecnologia em locais em que há índios, analfabetos e pobres e depois virar as costas”, acrescenta. 

A nova fase do PRODEEM prevê que as concessionárias de energia elétrica fiquem responsáveis por ensinar a comunidade a lidar com os sistemas e por realizar os procedimentos mais complexos. Na região Sul, isso incluirá Celesc (Santa Catarina), Copel (Paraná), Enersul (Mato Grosso do Sul) e CEEE (Rio Grande do Sul), com a coordenação da Eletrosul. 

Depois de fazer o raio-x dos sistemas, o próximo passo da Eletrosul será assinar, provavelmente em maio, um convênio com o Ministério de Minas e Energia no valor de R$ 1,516 milhões para esta nova fase do projeto, de maneira a reformar todos os equipamentos em no máximo dois anos, informa Jorge Silva.

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